- 16 de Fevereiro, 2022
- Posted by: Filipa Ferreira
- Category: ESG
As discussões em torno das questões ambientais, sociais e de governance (ESG) estão a mudar do compliance e da responsabilidade corporativa para a competitividade, à medida que as empresas veem cada vez mais o ESG como uma oportunidade para se destacarem junto dos investidores, clientes e talentos.
Num recente painel de discussão sobre as métricas do ESG durante a Agenda de Davos de 2022, um evento virtual organizado pelo Fórum Económico Mundial, os CEO afirmaram que o foco no ESG ajudou as empresas a tornarem-se mais atrativas para os investidores, clientes e potenciais colaboradores. Para a Philips, empresa de eletrodomésticos e tecnologia de saúde, a implementação do ESG e de um modelo de economia circular levaram a uma maior fidelização dos clientes.
Segundo o painel de participantes, um primeiro passo crucial para adotar o ESG é acompanhar e reportar as métricas corretas. E na verdade ocorreu uma evolução positiva no último ano para convergir as muitas estruturas existentes de reporte ESG.
No ano passado, um importante passo para esta convergência foi a fusão do Sustainability Accounting Standards Board (SASB) e do International Integrated Reporting Council (IIRC) e a constitução da Value Reporting Foundation.
Em dezembro, durante a COP26, a cimeira das Nações Unidas sobre as alterações climáticas, a IFRS Foundation anunciou a criação de um International Sustainability Standards Board (ISSB) com o intuito de fornecer um conjunto uniforme de regras para o reporte ESG.
O início do caminho do ESG começa com o compromisso de medir e utilizar os dados para atingir as metas de sustentabilidade, disse a participante Julie Sweet, presidente e CEO da Accenture. Ela explicou que a mudança de meramente relatar métricas ESG para utilizar esses dados para medir o desempenho é fundamental para que se atinja a sustentabilidade.
“Trata-se de uma decisão, isto não é rocket science,” disse, acrescentando que a Accenture demorou 15 meses a passar de um reporte com três estruturas de sustentabilidade para seis estruturas bem como a obter os dados necessários e a confiança no seu reporte.
Conquistar a fidelização dos clientes
Depois de a Philips ter adotado o modelo de economia circular para reduzir o desperdício e aumentar o uso de materiais recicláveis na sua cadeia de abastecimento, percebeu que o modelo mais sustentável não aumentava os custos nem reduzia a rentabilidade, disse o participante Frans van Houten, CEO da Royal Philips.
“Os clientes querem fazer parte, e a fidelização da nossa base de clientes aumentou como consequência,” disse. “Se incorporar totalmente na sua operação, esta [sustentabilidade] não é uma obrigação como a RSE [responsabilidade social corporativa] era, mas sim um modo fundamentalmente diferente de gerir a sua cadeia de abastecimento.”
ESG obriga ao alinhamento da organização
O presidente e CEO do Bank of America, Brian Moynihan, disse no painel que o reporte ESG obriga a organização a alinhar as suas atividades empresariais com os seus objetivos de sustentabilidade em tudo, desde como os recursos são consumidos e os produtos são feitos até como as cadeias de abastecimento são geridas.
Van Houten, da Philips, disse que a sua organização alcançou a neutralidade de carbono em cinco anos depois de começar a medir as métricas ESG e responsabilizar os seus colaboradores pelos objetivos de sustentabilidade.
“Eu gostaria de transmitir a confiança de que isto é exequível, só se precisa de entrar na curva de aprendizagem para se fazer progressos,” disse van Houten. “Não há tempo a perder porque, se pensarmos em todo o debate sobre o clima, então estamos a andar demasiado devagar para atingir a neutralidade de carbono.”
Adaptado de: “Companies see ESG as opportunity to rise above competitors“, por Alexis See Tho, publicado em FM magazine em 11 de fevereiro de 2022.