- 19 de Outubro, 2023
- Posted by: Filipa Ferreira
- Category: ESG
Os CFOs desempenham um papel essencial à medida que as empresas se preparam para atender à crescente exigência por divulgação de dados relacionados com o clima e outras métricas ambientais, sociais e de corporate governance (ESG). Os CFOs serão responsáveis por integrar práticas de sustentabilidade nas políticas, procedimentos, relatórios financeiros e processos de tomada de decisão das suas empresas.
Sucesso a longo prazo
Um governance eficaz é essencial para o sucesso a longo prazo e a sustentabilidade de um negócio. Implica verificar com atenção os processos internos, os sistemas e as estruturas que governam uma empresa para proporcionar accountability, transparência e uma tomada de decisão responsável.
Alguns aspetos fundamentais de governance que as empresas e os seus CFOs devem ter em consideração incluem:
Conselho de administração: Ter um conselho de administração independente e diversificado, com experiência adequada, é fundamental quando se trata de supervisionar a gestão e garantir o cumprimento de padrões éticos. O CFO, juntamente com outros executivos C-suite, trabalha com o conselho de administração para alinhar os objetivos financeiros e de ESG para estabelecer e integrar práticas sustentáveis na estratégia global e na gestão de riscos da empresa.
Gestão de riscos: As empresas precisam de avaliar os seus relatórios de gestão de riscos e os processos de governance para identificar e avaliar riscos e oportunidades relacionados com o ESG e integrá-los nos seus processos. Identificar, mitigar, gerir e monitorizar os riscos financeiros, os riscos ambientais e os potenciais impactos reputacionais para proteger a viabilidade financeira a longo prazo é um papel fundamental do CFO.
Recolha e análise de dados: As fontes de dados relacionados com o ESG, incluindo os ambientais (emissões de gases com efeito de estufa e uso de energia), os sociais (diversidade de colaboradores e envolvimento da comunidade) e o governance (estrutura do conselho de administração e remuneração dos executivos), são provavelmente numerosas e variadas em toda a empresa. Compete ao CFO supervisionar a recolha, a validação e a análise de dados financeiros e não financeiros relacionados com os elementos do ESG.
Transparência e relatórios de métricas relacionadas com o ESG: As empresas que têm práticas de relatórios transparentes e fornecem informações precisas e oportunas às partes interessadas, incluindo os relatórios financeiros, os relatórios de sustentabilidade e outras divulgações, estarão bem posicionadas para atender aos crescentes requisitos de divulgação e dar às partes interessadas uma compreensão abrangente do desempenho da empresa ao nível do ESG e o seu impacto no retorno sobre o investimento.
Envolvimento das partes interessadas: O envolvimento ativo com as partes interessadas, incluindo os colaboradores, os clientes, as comunidades e os investidores, é importante na avaliação da estratégia de ESG. Os CFOs desempenham um papel crítico na facilitação da identificação de riscos e oportunidades materiais relacionados com o ESG em toda a empresa e na sua integração nos processos de gestão de riscos e na estrutura de relatórios.
Compliance e estruturas legais: A implementação de controlos e mecanismos internos eficazes para monitorizar o compliance com as leis, os regulamentos e os padrões do setor aplicáveis, bem como para abordar quaisquer violações legais ou regulamentares, é um componente crítico de governance. A função de CFO frequentemente tem a responsabilidade de garantir que a empresa cumpra os requisitos relevantes de relatórios de ESG, orientações e padrões do setor.
Remuneração dos executivos: Alinhar a remuneração dos executivos com o desempenho da empresa ao nível do ESG e definir métricas de desempenho relacionadas com as metas de ESG pode motivar a gestão a dar prioridade à sustentabilidade e às práticas responsáveis.
Práticas éticas e código de conduta: Estabelecer um código de conduta e práticas éticas que incorporem os elementos relacionados com o ESG orientará o comportamento dos colaboradores, promoverá a integridade e evitará práticas antiéticas. Esta é uma peça essencial de uma estrutura forte de governance.
Execução da estratégia
Independentemente de já ter produzido um relatório de sustentabilidade robusto ou estar apenas no início da sua jornada, é importante desenvolver uma estratégia de ESG que esteja alinhada com a sua estratégia corporativa. Deve incluir a identificação de prioridades e métricas relacionadas com o ESG, a definição de metas mensuráveis para acompanhar o progresso e o desenvolvimento de planos de ação que incluam os recursos necessários para atingir os seus objetivos.
Compreender os papéis da gestão de riscos e da supervisão do conselho de administração relacionados com o ESG é crítico. Estabelecer um alicerce de governance que incorpore o ESG é o primeiro passo. O próximo é avaliar os conhecimentos e as competências da sua equipa relacionados com o ESG. Identificar as lacunas e providenciar a formação necessária para as equipas de suporte — gestão, conselho de administração, contabilidade e operações — é crucial para abordar os elementos do ESG e a execução da estratégia.
As empresas que integraram os elementos de ESG nas suas práticas de corporate governance não só estarão preparadas para atender aos requisitos de divulgação relacionados com o clima por parte dos reguladores e das principais partes interessadas, mas também estarão melhor preparadas para gerir os riscos, atrair os investidores, melhorar a sua reputação e contribuir para a sustentabilidade a longo prazo e as práticas de negócio responsáveis. A capacidade de gerar relatórios sobre os elementos de ESG não só dará uma vantagem sobre os concorrentes, desbloqueando potencialmente novas fontes de capital ou de negócios, mas será obrigatório para se envolver em negócios.
Adaptado de: “Navigating ESG: Strengthening Governance for Long-Term Success“, por Mallory Thomas, sócio em risk advisory na Baker Tilly, publicado em CFO News em 29 de agosto de 2023.