9 dicas para uma gestão estratégica em tempos de incerteza

Muitas organizações, especialmente as pequenas e médias empresas, não utilizam processos eficazes de planeamento estratégico e orçamentação anual — se é que se envolvem em tais atividades. Mas, para projetar o futuro, especialmente em tempos de incerteza, a gestão estratégica é um imperativo empresarial.

Os CFOs e as suas equipas são mais necessários do que nunca para estruturar o planeamento e a tomada de decisão. A gestão estratégica é um processo contínuo que inclui o planeamento estratégico, a implementação estratégica e a avaliação estratégica.

– Planeamento estratégico. Todas as organizações têm uma visão, uma missão e um propósito. Compreender a sua razão de ser e depois desenvolver estratégias para torná-la realidade é o ponto de partida do planeamento estratégico. Implica examinar fatores internos e externos, realizar uma análise de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças (SWOT), analisar o intervalo entre o ponto em que se encontra agora e o ponto a que pretende chegar e, por fim, formular uma estratégia, respondendo à questão de como chegar lá, incluindo metas, estratégias e objetivos específicos.

– Implementação estratégica. Executar o seu plano estratégico, e dar-lhe vida, requer liderança, alinhamento orçamental, gestão do risco e gestão da mudança.

– Avaliação estratégica. Para avaliar o desempenho face ao seu plano estratégico, utilize indicadores-chave de desempenho, métricas financeiras, balanced scorecards, bom governance e ética, ajustando e corrigindo o curso ao longo do caminho, se necessário.

Por vezes, apesar de desenvolver planos estratégicos sólidos, acontecem coisas que podem atrapalhar o sucesso da sua organização. O desafio pode ser interno, como uma mudança de liderança, um problema de produção, uma greve dos colaboradores ou lacunas de talento. Ou talvez o desafio seja externo, como uma crise económica, uma perturbação na cadeia de abastecimento ou uma catástrofe natural. De seguida estão dicas para gerir o seu negócio em tempos de incerteza.

1. Avalie o desafio. Compreenda o desafio com que está a lidar. É específico da empresa? Uma perturbação na cadeia de abastecimento? Orientado por motivos económicos, financeiros ou políticos? Uma catástrofe natural? Outra coisa diferente? Em seguida, avalie quanto tempo a situação pode durar e quão global é a crise. Por fim, determine a gravidade da situação para a sua organização em todas estas variáveis.

2. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. O dinheiro é a força vital de todas as organizações. O fundo de maneio deve ser a sua prioridade acima de tudo. Garanta que tem dinheiro suficiente para cumprir as suas obrigações de dívida, pagar aos fornecedores e pagar os salários. Numa crise, quando o dinheiro acaba, é difícil voltar, por isso esteja atento. Priorize a projeção de tesouraria, incluindo os detalhes, a frequência e a consciência multifuncional apropriados.

3. Fortaleça a cadeia de abastecimento. Analise de forma cuidadosa a sua cadeia de abastecimento de início até ao fim, identificando potenciais pontos fracos e procurando oportunidades. Por exemplo, avalie de forma cuidadosa todos os fornecedores críticos para garantir que têm escala, identifique alternativas nos casos necessários e depois construa e fortaleça as relações com esses fornecedores, aumentando a probabilidade de obter preferência caso exista uma perturbação.

4. Foco também no longo prazo. Resolva os problemas de curto prazo, naturalmente, sobretudo os problemas de tesouraria e de aprovisionamento, mas procure também oportunidades de longo prazo. Encontre oportunidades de crescimento. Pode lançar uma campanha de marketing direcionada? Pode entrar num novo mercado? Pode adquirir um concorrente mais fraco? Como é que utiliza este tempo de incerteza a seu favor?

5. Se tiver de cortar, corte de forma inteligente. Na categoria “fazer”, resolva a ineficiência operacional, considere cortar iniciativas não essenciais, considere retirar pagamentos do débito direto, pense no futuro e seja transparente com os colaboradores. Relativamente ao “não fazer”, não corte no talento, não corte totalmente no marketing, não corte nas áreas que geram fluxo de caixa positivo e/ou não negligencie as pequenas coisas.

6. Considere todas as suas ferramentas. Pode cortar nos produtos e nos serviços, concentrando-se apenas naqueles que são mais rentáveis? Pode aumentar os preços, seja estrategicamente ou de forma generalizada? Pode reduzir os custos de mão de obra através da automatização? Pode utilizar o seu inventário como uma cobertura física? O que mais tem na sua caixa de ferramentas?

7. Encontre novas oportunidades. Pode ser uma fase difícil. O planeamento, a agilidade e a execução serão essenciais — em conjunto com muita coragem. Durante os altos e baixos, esteja atento às oportunidades — novos produtos, novos mercados, pontos fracos da concorrência, etc. Existe oportunidade no caos!

8. Execute cenários. Execute cenários hipotéticos para testar vários impactos potenciais de qualquer crise ou oportunidade. Por exemplo, e se os preços das principais matérias-primas duplicarem ou o custo dos prémios de seguro médico aumentar 20%? E se um cliente importante for à falência ou o seu banco deixar de conceder empréstimos? Ou, e se as perturbações na cadeia de abastecimento provocarem atrasos de 25% ou mais nas receitas e a acumulação de inventário? Ou, no outro extremo, se um pico na procura dos clientes esgotar o inventário? Depois aproveite esta informação para desenvolver planos de contingência apropriados.

9. Implemente uma estrutura ERM. Considere a implementação de uma estrutura de gestão de risco empresarial (ERM) com um foco estratégico e de longo prazo. Uma gestão eficaz do risco pode ajudá-lo a alcançar as metas estratégicas da sua organização e a ser mais preventivo, ágil e flexível na gestão de eventos súbitos ou disruptivos.

 

Adaptado de: “9 Tips for Strategic Management During Uncertain Times“, por Steve McNally, CMA, CPA, CFO do grupo de empresas PTI (Plastic Technologies Inc.) e presidente emérito do Institute of Management Accountants, publicado em CFO News em 05 de setembro de 2023.



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