6 formas de começar a abraçar o ESG

Os relatórios das empresas tiveram que começar a incluir o tema do ESG, mas há que ter em atenção as diferentes estruturas existentes e quais as recomendadas.

As exigências dos investidores, colaboradores, clientes, comunidade e, em alguns casos, fornecedores fizeram com que os relatórios corporativos agora tivessem que incluir informações ambientais, sociais e de governança (ESG), de acordo com Robert Hirth, co-vice-presidente da Sustainability Accounting Standards Board (SASB).

Hirth, que é também administrador da Protiviti, empresa de auditoria interna e consultoria de risco, disse na conferência anual AICPA & CIMA CFO em maio que a ESG é importante porque as empresas com boas práticas ESG têm um custo de capital mais baixo, melhor desempenho operacional e melhor desempenho no mercado de capitais. “O desempenho ESG começou também a entrar na equação na obtenção de capital”, disse. As empresas que levam o ESG a sério beneficiam de uma maior atração e retenção de colaboradores, acrescentou.

 

Risco

ESG, diz Hirth, é também risco e incerteza. “O risco é uma moeda de dois lados. Haverá algumas situações negativas – sobre eventos climáticos, mudanças climáticas ou emissões de gases de efeito estufa ou uso de plásticos. No entanto, cada vez mais pessoas estão a ver oportunidades no ESG – criando novos produtos, desenvolvendo novos materiais, encontrando novas formas de colocar um produto no mercado”.

Os relatórios ESG também têm impacto nas demonstrações financeiras das empresas. Os relatórios ESG precisam ser precisos e deve haver um controlo interno eficaz sobre eles, disse Hirth.

 

Setor privado

Muitas empresas têm como clientes empresas públicas – e à medida que aumenta a pressão para que as empresas públicas façam mais divulgações e para que usem toda a cadeia, desde os fornecedores, para conseguirem atingir as suas metas de carbono líquido zero, as empresas do setor privadas também sentirão a pressão para abordar o ESG, disse Hirth.

De acordo com números divulgados no ano passado pelo Governance and Accountability Institute dos Estados Unidos, 90% das empresas S&P500 publicaram relatórios de sustentabilidade em 2019, contra cerca de 20% em 2011. Desses 90%, 29% usaram assessores externos.

 

Rumo à coerência dos padrões

Este ano assistimos a um movimento em direção a um cenário de relatórios de sustentabilidade coerentes entre empresas. Num comunicado emitido no início de junho após as reuniões dos ministros das finanças do G7 e governadores do banco central dizia: “Concordamos com a necessidade de um padrão de relatório global de referência para a sustentabilidade, que as jurisdições podem complementar”.

As principais organizações que já criaram estruturas de relatórios ESG são:

  • As Nações Unidas. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU foram adotados por todos os estados membros em 2015. Hirth disse que “Muitas organizações começam com esses 17 [objetivos] e selecionam os mais importantes, materiais e relevantes para elas.”
  • O Sustainability Accounting Standards Board. O SASB criou em 2018 um conjunto de 77 padrões por indústria dividido em 11 setores.
  • Task Force on Climate-Related Financial Disclosures. Cujas recomendações estão divididas em quatro áreas: governança, estratégia, gestão de riscos e métricas e metas.
  • Fórum Económico Mundial. O seu Stakeholder Capitalism Metrics envolveu o trabalho das Big 4 que analisaram os padrões existentes e extraíram o que consideraram ser “o melhor subconjunto” de orientações, de acordo com Hirth.
  • COSO e o Conselho Corporativo Mundial para o Desenvolvimento Sustentável. As duas organizações formaram uma parceria para emitir orientações que integrem fatores ESG ao ERM.

 

Conselhos para as empresas

Hirth e Farrar ofereceram os seguintes conselhos para as empresas e gestores que estão agora a começar a produzir os seus relatórios de ESG:

  1. Tente perceber e listar o que é que a empresa já está a fazer em sustentabilidade, incluindo relatórios e KPIs que tem nesta área.
  2. Avalie como os diferentes padrões de sustentabilidade se aplicariam à empresa. Já têm alguma dessas informações? Ou as informações são fáceis de obter?
  3. Leia os relatórios feitos pelos peers.
  4. Faça uma avaliação dos comportamentos ESG dos stakeholders. Perceba se quem está mais à frente nestes temas são os consumidores, os clientes, os reguladores ou os investidores no seu caso.
  5. Construa a sua literacia em ESG, que também pode ser feita em conversas (interdisciplinares) fora da empresa, com especialistas em mudanças climáticas e biodiversidade. Hirth pede para refletir: “O que é que as empresas incluídas no seu supply chain estão a fazer? O que o seu setor está a fazer?”.
  6. Não considere a sustentabilidade como um custo. Hirth disse que as empresas não devem olhar para os fatores ESG como um custo, mas “como uma forma de se focar em alguns fatores que fazem das empresas melhores empresas, que reduzem os riscos, que as tornam mais atraentes para os clientes, para os colaboradores e ajudam a ter melhores fornecedores”.

 

Adaptado de “6 ways to start the ESG reporting journey”, de Oliver Rowe, na Financial Management Magazine, 18 de junho de 2021



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