- 3 de Fevereiro, 2023
- Posted by: Filipa Ferreira
- Category: CFO
Para incorporar adequadamente os fatores de sustentabilidade nas principais funções operacionais, as organizações devem adotar um pensamento integrado — uma abordagem unificada para medir, gerir, analisar, alinhar e comunicar a informação financeira e de sustentabilidade interna e externamente.
A integração envolve todos numa organização, incluindo os conselhos de administração, a gestão e as operações, sendo o CFO e as funções financeiras os mais críticos. A área financeira está em melhor posição para ajudar a quebrar os silos de informação e a construir confiança na informação — duas necessidades para o sucesso dos esforços em toda a organização para impulsionar práticas empresariais sustentáveis.
A informação necessária
A existência de informação de sustentabilidade de elevada qualidade é um contributo essencial para que os conselhos de administração, a gestão e as equipas financeiras tomem decisões informadas. Todos os setores do ecossistema corporativo precisam de uma visão completa dos impactos materiais da sustentabilidade, incluindo riscos, oportunidades e implicações financeiras. Sem um pensamento integrado e partilha de conhecimento, as organizações têm dificuldade em obter e comunicar a informação relevante necessária para estas importantes decisões e transformações.
A integração da sustentabilidade
Os conselhos de administração e os CEOs estão a recorrer às suas equipas financeiras para ajudar a quebrar os silos de informação e permitir a partilha de informação entre as funções operacionais. Por exemplo, as equipas financeiras podem consolidar e dar prioridade a informação sobre impactos da sustentabilidade, riscos e oportunidades provenientes de várias funções e fontes externas e garantir que esta informação se reflete no planeamento e nos investimentos de capital, na análise financeira e nos scorecards.
Práticas como esta são críticas para a integração da sustentabilidade na tomada de decisão. Podem ajudar a ligar processos de informação e reporting, tais como o governance, a gestão de risco e o reporting financeiro, num processo de reporting corporativo mais integrado para dar uma visão completa do desempenho e da criação de valor aos decisores, aos investidores e a outras partes interessadas.
Por último, as equipas financeiras podem aproveitar as competências e o conhecimento dos contabilistas profissionais, que são críticos para a apresentação de um reporting credível. Os contabilistas podem facilitar a ligação necessária dentro das organizações para promover um pensamento integrado.
A construção de confiança
Reunir a informação necessária para o reporting corporativo é uma coisa; construir a sua credibilidade é outra. Os mercados, especialmente os financeiros, são baseados na confiança. Os investidores e as partes interessadas tomam decisões sobre como aplicar o capital com base na confiança sobre a informação recebida. As divulgações de sustentabilidade devem ser tratadas com os mesmos princípios e controlos de reporting testados ao longo do tempo que são aplicados às divulgações financeiras para garantir o mesmo nível de confiança.
Os contabilistas e os auditores podem alinhar a divulgação de sustentabilidade com o reporting financeiro. Podem assegurar confiança ao que é reportado pela garantia de fiabilidade externa, independente e de elevada qualidade. Alinhar as divulgações de sustentabilidade com o reporting financeiro e articular a garantia de sustentabilidade com a auditoria financeira maximizará o valor para as entidades e as suas partes interessadas. Isto ajudará a tornar a informação de sustentabilidade fiável, relevante, útil e oportuna.
A confiança só se adquire com um esforço consistente e concertado de todos os setores do ecossistema corporativo a trabalharem em conjunto. Os conselhos de administração e as comissões de auditoria são responsáveis por incutir uma cultura de integridade, ética e fortes interligações entre as funções corporativas. Devem ser implementados procedimentos em toda a organização para a gestão de dados e a tomada de decisão para melhorar a consistência, a relevância e a comparabilidade das métricas de desempenho. E, em seguida, o CFO e a função financeira podem aproveitar a tecnologia para incutir confiança em todas as funções de uma organização, incluindo a automatização da extração de dados, os workflows digitais e o uso de análise de dados para informar os decisores.
Um pensamento integrado levará a uma melhor tomada de decisão interna e a um melhor reporting; e, por sua vez, as organizações podem reduzir o risco e os custos de capital para criar oportunidades de crescimento. A promoção de um pensamento integrado deve ser uma prioridade para todas as organizações, CFO e equipa financeira.
Adaptado de: “How CFOs Can Be Sustainability Leaders“, por Kevin Dancey, chief executive officer da International Federation of Accountants, publicado em CFO News em 10 de novembro de 2022.