Os desafios para os líderes financeiros das cadeias de abastecimento em 2022

As interrupções generalizadas da cadeia de abastecimento a que assistimos em 2021 continuarão este ano, atenuando a recuperação de alguns setores e apresentando também novas oportunidades para as empresas melhor preparadas.

“Não há para onde ir,” disse Adekunle Oduyemi, ACMA, CGMA, que recentemente se tornou o diretor financeiro da cadeia de abastecimento da Procter & Gamble no Norte de África.

O ano passado, segundo ele, foi o mais desafiante da sua carreira: Os preços das matérias primas subiram e a escassez de mão de obra está a dificultar o transporte, levando ao abrandamento em todo o mundo. Mas Oduyemi está otimista de que as organizações que potenciam a produtividade sairão mais eficientes depois de um ano de escassez e picos.

“Como sobrevivemos?” questionou Oduyemi “É permanecer ágil e aproveitar os dados sobre como se pode manipular e manobrar a situação que enfrentamos.”

Um relatório recente da Economist Intelligence Unit (EIU) disse que os problemas da cadeia de abastecimento provavelmente diminuirão – mas não desaparecerão – no próximo ano. Em 2022, os casos de coronavírus provavelmente levarão a mais encerramentos temporários de fábricas e portos, o comércio eletrónico ocupará ainda mais espaço nos armazéns e os custos de transporte permanecerão altos, previu o grupo.

“Estes fatores continuarão a afetar não apenas um único produto ou matéria prima, mas grande parte do mercado”, afirmou o relatório, prevendo que a crise forçará “as empresas em toda a cadeia de valor a repassar o aumento dos custos aos consumidores”.

Oduyemi, que trabalha há quase uma década na Procter & Gamble, partilhou ideias com outros líderes financeiros sobre como enfrentar o próximo ano.

A história

Com o aumento dos custos na cadeia de abastecimento, as empresas procuram poupanças e mais eficiência na produção e distribuição de produtos.

“É preciso continuar a encontrar produtividade dentro da cadeia de abastecimento que possa compensar este aumento de custos”, disse Oduyemi. Mas as cadeias de abastecimento são extraordinariamente complexas – e encontrar essas poupanças significa procurar a ajuda das pessoas que as conhecem melhor.

Ao visitar a fábrica, vai assistir ao ambiente do negócio e ao contexto operacional e questionar os responsáveis da área sobre ideias e soluções para aumentar a produtividade.

“Ajude-os a perceber porque motivo estão perante este objetivo: Têm custos fixos, e precisa-se de aumentar a eficiência,” disse. Isso levará a sugestões que vão desde a redução das viagens até uma maior reutilização ou reciclagem de materiais, redução de resíduos, otimização da manutenção, mudanças no abastecimento.

“Eles conhecem a sua área, o seu departamento. Eles conhecem melhor o seu espaço de trabalho. O líder só está lá para facilitar, para os envolver,” disse. “Mas, no final, eles são o fator mais importante.”

“A mensagem é simples: Tempos difíceis não duram. É um ciclo,” disse. “Não esperamos que continue assim. Só iremos presenciar isto uma vez na vida.”

Avalie a automatização

A disponibilidade de mão de obra barata em alguns países levou alguns fabricantes a depender mais do trabalho manual. Mas a escassez de mão de obra provocada pela pandemia fez com que as empresas entendessem os benefícios da automatização. Por exemplo, em países do Sudeste Asiático, como o Vietname, têm existido dificuldades para que os trabalhadores voltem ao trabalho, disse Oduyemi.

“Com esta pandemia, verificamos agora que é necessário olhar para o VPL [valor presente líquido] do investimento em automatização de uma forma diferente”, disse Oduyemi. “Não devemos olhar apenas para o número absoluto, mas também considerar uma situação de ‘e se’.”

O investimento na automatização vai trazer custos iniciais elevados, mas ele vê isso como uma forma de os fabricantes obterem “verdadeiras poupanças estruturais” perante os custos de mão de obra cada vez mais elevados e escassos.

De facto, o relatório da EIU previu que as empresas investiriam em soluções de automatização e IA para a “gestão eficiente de inventário, armazenamento e entrega”.

No meio da agitação, disse Oduyemi, as empresas devem manter a sua posição financeira saudável enquanto procuram também melhorias a longo prazo. E esta crise é um lembrete para os líderes financeiros em todo o mundo olharem mais de perto para a complexidade e evolução da sua cadeia de abastecimento de modo a garantirem que atende continuamente às necessidades do negócio.

“É fascinante quando se olha para a cadeia de abastecimento. Parece todo um império só por si,” disse Oduyemi. “Precisamos olhar de uma ponta à outra, precisamos ver como as coisas estão a sincronizar e como as coisas estão a funcionar juntas – para ter certeza de que podem entregar o seu produto aos consumidores.”

 

Adaptado de: “How finance leaders can rethink the supply chain in 2022“, por Andrew Kenney, escritor independente sediado nos Estados Unidos, publicado em FM magazine em 10 de janeiro de 2022.



Deixe um comentário