Do CF-GO ao CF-NO: a jornada de tomada de decisões do CFO

Os CFOs concentram-se em dois aspetos: as atividades que aumentarão os rendimentos e as atividades que reduzirão os gastos. Por vezes, um projeto cumpre ambos — estes são os raros projetos unicórnios que recebem apoio total.

Isto reflete-se na postura que o CFO adota em diferentes partes do ciclo. Existe o CF-GO, que é o bem falante que apoia o crescimento e a expansão, cheio de métricas que acompanham o aumento do rendimento ao trimestre e ao ano. Depois, existe o CF-NO — a personalidade mais sombria que se concentra em cortar os gastos e reduzir as necessidades de fundo de maneio.

O CF-GO

O CF-GO suporta o crescimento do negócio, através da disponibilização de aconselhamento financeiro e apoio para os novos investimentos e projetos. O CFO é um parceiro de negócio rígido e um contador de histórias articulado que consegue construir um discurso sobre a empresa para mostrar como o investimento se transforma em rendimento, em crescimento do rendimento e, finalmente, em retorno para os acionistas. Não é que não prestem atenção à gestão de despesas — longe disso. Exigem um retorno sobre o que é gasto, mas a tendência é dizer “sim”.

O CF-GO é focado no futuro, na procura constante de novas possibilidades de investimento e formas de estimular o crescimento. O seu tempo é consumido a disponibilizar informações e sugestões relevantes que os ajudarão a fazer escolhas de investimento sensatas e a explorar os mercados para garantir que todas as boas ideias obtêm o financiamento adequado.

A “renda”

O CFO está sempre em contacto com os mercados de capitais, fazendo a leitura sobre se os mercados estão em modo de “ganância”, em busca de crescimento agressivo, ou em modo de “medo”, na procura de investimentos defensivos que protejam o seu capital. Muitas vezes, este sinal vem na forma de “renda”. Os mercados financeiros são simples, em resumo: existe capital disponível e os seus proprietários emprestam à(s) empresa(s) que pagarem mais.

Esta “renda” — os académicos designam de “retorno exigido do capital” — diz ao CFO o que os mercados querem. Quando a “renda” é barata… significa que o “inquilino”, o mutuário ou a empresa que obteve o capital, pode fazer investimentos diversificados que compensarão no futuro. Este é o modo de crescimento, também conhecido como modo CF-GO. Quando a “renda” é cara, a empresa não pode investir em tudo. Na verdade, não pode investir muito e, em vez disso, o negócio tem que se concentrar apenas no mais importante.

O CF-NO

Os mercados estão destinados a cair. E quando isso ocorre, os CFOs largam a caneta, param de ler os e-mails e fazem tudo o que podem para colocar travão. Passam para o seu trabalho de CF-NO, no desempenho de um papel mais cauteloso na escolha cuidadosa dos poucos investimentos que são merecedores desse capital precioso e caro. E começam a dizer não à maioria das atividades que não correspondem aos seus objetivos financeiros, em resposta a um ambiente empresarial incerto.

Enquanto o CF-GO é proativo e focado no futuro, o CF-NO está preso em análises e perguntas. Assumem menos riscos. Abrandam as atividades. Não param apenas de as apoiar, acabam com elas a meio do caminho, deixando-as penduradas em filas de aprovação intermináveis.

O CF-NO usa termos como responsabilidade fiscal, mitigação de riscos e gestão de passivos. O CF-NO rejeita opções de investimento que podem parecer rentáveis, mas que não estão alinhadas com os objetivos financeiros de longo prazo da empresa. O CF-NO é brilhante neste contexto, a desenvolver modelos que demonstram como o negócio não cobrirá os seus custos de capital com o que quer que seja proposto.

Contribuir para a prioritização dos investimentos é o principal dever do CF-NO. Isto implica avaliar cuidadosamente cada oportunidade de investimento para ver se é financeiramente realista e se ajudará a organização a alcançar os seus objetivos. Para permitir que outros colaboradores da empresa, especialmente a gestão de topo, tomem decisões de investimento informadas, o CFO também deve ser capaz de lhes transmitir essas informações.

Dizer “não”

O CF-NO sabe quando dizer “não”. É uma responsabilidade crucial garantir a estabilidade da empresa no longo prazo. Isto significa acompanhar o desempenho financeiro do negócio, identificar potenciais preocupações financeiras e dar resposta aos riscos proativamente. E significa interromper os padrões de sobreinvestimento que podem ocorrer com um CF-GO mais proativo. O CF-NO tem que garantir que a empresa tem recursos financeiros suficientes para enfrentar crises económicas ou outras dificuldades financeiras.

O CF-NO concentra-se na gestão de gastos. Certamente não conquista amigos, mas mantém as pessoas no emprego e as empresas no negócio.

 

Adaptado de: “From CF-GO to CF-NO: The CFO Decision-Making Journey“, por Michael Bayer, CFO da Wasabi Technologies (leciona finanças empresariais de nível académico na Babson College), publicado em CFO News em 24 de março de 2023.



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