Aumentar a confiança nos dados de sustentabilidade

As questões ambientais, sociais e de governance (ESG) estão a aparecer cada vez mais no topo das agendas políticas, empresariais e sociais. A sustentabilidade tornou-se rapidamente um prisma importante através do qual as organizações estão a ser avaliadas pelos investidores, pelos reguladores e pela sociedade em geral.

No entanto, todos sabemos que o percurso não é totalmente tranquilo. Têm existido muitas controvérsias públicas sobre o alegado “greenwashing“. Enquanto profissionais das áreas de contabilidade e finanças, esta situação deve causar grande preocupação, pois sabemos como é importante que os stakeholders possam confiar nos dados produzidos pelas organizações.

A confiança é o pilar da nossa profissão e é assim que acrescentamos valor às organizações. O nosso propósito depende da manutenção desta confiança e este compromisso deve agora estender-se aos dados de sustentabilidade como sempre se estendeu aos dados financeiros.

Esta componente do nosso trabalho está a tornar-se mais premente pois, este ano, estamos a assistir a uma mudança radical no nível de obrigatoriedade de apresentação de relatórios de sustentabilidade. Com base na Estrutura de Relato Integrado e identificação de vários dos seus elementos, as normas IFRS S1 e S2 emitidas pelo International Sustainability Standards Board entraram em vigor e estão a ser adotadas em jurisdições de todo o mundo. Na UE, os profissionais das áreas de contabilidade e finanças já estão a recolher dados sobre os riscos, as oportunidades e os impactos em matéria de sustentabilidade para o primeiro conjunto de relatórios anuais, que deverá incluir estes elementos em 2025.

A construção de organizações sustentáveis pode exigir que modelos empresariais completos sejam refeitos, com a sustentabilidade incorporada nos processos ao longo da cadeia de valor. Isto significa que os contabilistas de gestão precisam de estar a par dos conceitos e, mais importante ainda, dos processos de recolha e registo de dados de uma forma que seja compreensível e executável. É imperativo que aproveitemos esta oportunidade para nos posicionarmos como parceiros empresariais eficazes e de valor acrescentado na função ESG e de sustentabilidade das organizações.

Para construir a próxima geração de organizações sustentáveis, precisamos de pensar muito mais profundamente sobre a forma como integramos o ESG em todos os nossos processos. A gestão de risco é um bom exemplo. As organizações com elevado desempenho terão planos em vigor para mitigar os riscos relacionados com o ESG e o desenvolvimento destes planos terá provavelmente revelado oportunidades de inovação, reforço da resiliência e criação de valor a longo prazo. Isto mostra como a incorporação do ESG se tornará uma parte central da forma como o valor é identificado, criado, capturado e registado.

 

Adaptado de: “Increasing trust in sustainability data“, por Andrew Harding, FCMA, CGMA, diretor executivo – Contabilidade de Gestão na AICPA & CIMA, conjuntamente com a Association of International Certified Professional Accountants, publicado em FM magazine em 07 de junho de 2024.



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